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O SEGREDO DE LA BELLE (NÃO É A LA BELLE QUE ESCREVE AQUI)

5 participantes

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Mensagem por WLADIR SANTOS 24/11/2009, 8:52 am

CRÔNICAS DOS ANOS DOURADOS
reminiscências da infância nos ANOS DOURADOS



CRÔNICAS EXTRAÍDAS DO LIVRO "CONTANDO CASOS..." DO MESTRE WLADIR DOS SANTOS

"Eu, que também participei desses folguedos nos "Anos Dourados" como um dos garotos então presentes sob o velho poste de ferro da Rua Prudente de Moraes em Piracicaba (SP-Br), fico com os olhos marejados ao reviver não apenas os momentos que julgava esquecidos definitivamente, mas ao resgatar os nomes de pessoas que julgava mortas e para sempre desaparecidas da minha vida... sou grato ao Mestre Wladir, o "alemão" de antanho, pela possibilidade de retornar ao meu passado através da sua incrível força expressiva e rever tantos momentos maravilhosos e tantos amigos queridos... Eu, que pude editar boa parte dos seus livros, posso afirmar com segurança que não há nada parecido com isto na Literatura em Língua Portuguesa... Vale a pena, mesmo que apenas para conhecer um pouco desses tempos que não voltam mais, mas sobretudo para conhecer a obra monumental desse grande Escritor..." (Max Editor, 1986 - prefácio na primeira edição)

Max Editor atende pedidos de "CONTANDO CASOS..." clicando sobre a foto do mesmo, ao alto.

As crônicas publicadas aqui e no site http://www.cmpp.com.br/Piracicaba são ilustradas com fotos relativas ao evento, na maioria delas com fotos do autor, tiradas à época em que ocorreram.

La Belle em 27/9/01 Ela tinha um segredo muito bem guardado que, mesmo a gente conhecendo, não contava para ninguém...
______

NOTA PRÉVIA NECESSÁRIA:
Temos, dentre os membros, uma participante que usa o login de LaBelle. Contudo, para evitar qualquer dúvida, esclareço que a LaBelle da crônica, escrita em 1963 e publicada em 1986, não tem nada a ver com esta cronista do nosso forum.

O SEGREDO DE LA BELLE


La Belle !!!

Poucas garotas foram tão assediadas e desejadas como essa, vinda de Limeira para os carnavais de Piracicaba nos anos dourados, creio que três ou quatro se tanto, pois ela sumiu depois disso e nunca mais ouvimos notícias suas.

Creio isto ocorreu em 1955 ou 1956, quando eu estava em plena efervescência da idade adolescente.

Os amigos se reuniam então na Praça José Bonifácio para contar suas lorotas, mentiras mais que cristalinas sobre as meninas, mas que gostávamos de pensar que eram verdadeiras, menos por tudo que pela excitação e sonhos que essas narrações produziam.

Geralmente os mais afoitos diziam sobre as liberdades que tinham tido, as transas que haviam vivenciado, tomando sempre o cuidado elementar e primário de verificar se ninguém do grupo era parente ou namorado da garota. As irmãs e namoradas eram moças sérias, mas as demais eram biscates à espera de que um de nós chegasse a elas.

A notícia veio como uma bomba sobre todos: "Sabem quem está na cidade? La Belle...". Eu já tinha ouvido falar nessa moça, então com não mais de quatorze anos, que nos anos anteriores tinha estado por ali e circulado em alguns Clubes. Agora ela voltava povoando a imaginação fértil de todos nós, a minha inclusive.

La Belle não era uma moça que se podia dizer bonita, pelo menos nos meus padrões de beleza, ainda comprometidos com imagens mais sóbrias e angelicais de Princesas que o tempo cuidava de apagar rapidamente em mim. Era ruiva, olhos verdes, um tanto cheia de sardas, baixa e até um pouco rechonchuda, voz um tanto estridente, mas dotada de seios grandes e corpo bastante sensual que ela gostava de exibir em partes, exatamente da forma como qualquer adolescente gostava. A seu favor tinha o fato de que era muito liberalizada com os avanços dos rapazes, gostava de se mostrar e ser admirada, tocada, beijada, apalpada... Ruim mesmo era o fato de que ficava na casa de uma Tia que assumira o papel de guardiã da sua virgindade de há muito perdida, e levava a sério as recomendações da mãe da moça a respeito das más intenções dos rapazes.

Mas, o que diziam os amigos que tinham tido acesso a ela no ano anterior? Um deles, o Alcarde, tinha namorado a moça durante os quatro dias do carnaval e tivera que enfrentar duas brigas com outros pretendentes. Mesmo com essa desvantagem de ser obrigado a disputar a moça aos sopetões, descrevia com detalhes tudo -absolutamente tudo- o que haviam feito, onde, como, quando. A moça podia ser tida como uma iniciadora de pessoas na vida sexual, e todos nós estávamos ali prontos exatamente para isso.

Não nos passava pela cabeça por que nenhum dos rapazes fazia qualquer demonstração de desejo por continuar neste ano o que haviam interrompido no anterior.

Por vários dias a imagem dessa moça ficou em minha retina, produzindo ondas de calor pelo corpo todo. Saí numa tarde e fui passar por perto da casa onde ficava, na Rua Luiz de Queirós, e para susto meu encontrei ali vários dos meus amigos sentados nas raízes salientes de uma árvore, aos quais me juntei. Coincidência: todos estávamos apenas passando por ali e resolvemos parar um pouco à sombra, na esperança disfarçada de vê-la e ser notado por ela. Estávamos ali há algum tempo conversando, olhos fixos nas janelas da casa, quando ela saiu para comprar alguma coisa no armazém da esquina.

Andar lento, sensual, malicioso, gingando os quadris de modo excitante, antecedendo naquela época o sucesso das mini-saias que só depois de anos passou a ser moda entre as garotas. Passou diante de nós sem olhar ao lado, mas sentindo que todos ali a observavam e a despiam de modo generoso com os olhos e imaginação. Voltou e passou novamente perto de nós, como se não nos tivesse visto. Depois de alguns minutos a tia surgiu à janela, olhou-nos como se fôssemos lobos querendo comer sua ovelha e fechou-a batendo forte.

Teriam sido sinais claros, à todos nós, de que elas tinham outras idéias com relação a rapazes, não fosse uma ocorrência: à noite uma prima minha, residente nas proximidades dessa tia, veio à nossa casa para me dizer que La Belle gostaria de me conhecer mais de perto, que havia me notado sob a árvore, etc. Mais ainda, vinha me convidar para uma "brincadeira dançante" na casa da tia, na noite seguinte.

Aquilo era demais! Ser convidado pela La Belle era coisa para contar no grupo, de peito inchado, como galo vitorioso. Chegara a minha vez de roncar meus papos...

No dia seguinte, por volta das vinte horas, eu estava chegando à casa, de terno, engravatado, como nessa época os rapazes se vestiam. Pensei que eram poucos os convidados mas encontrei um quintal apinhado de gente, creio que a metade de rapazes e não conhecia nenhum deles para formar uma dessas rodinhas que os mais tímidos formam em ambientes assim. Encostei-me num canto, aceitei um copo de Cuba Libre e fiquei ali apenas observando as pessoas. Tanta gente que nem havia lugar para dançar. Quem me viu e veio em minha direção foi minha prima. Ela cumprimentou-me e depois de trocarmos algumas impressões sobre o pessoal presente, avistou ao longe La Belle, acenou para ela. A moça me viu e começou a caminhar em nossa direção. Bebi o copo todo de uma só vez, em tempo de pegar outro que estava sendo servido naquele instante, a que dei fim rapidamente e parti para o terceiro, tentando encontrar neles a coragem que estava me faltando.

Eu já estava no terceiro copo, tudo começando a girar em torno de mim, quando La Belle conseguiu chegar até nós, vencendo os assédios que teve pelo caminho, com todos querendo conversar com ela.

A moça estava simplesmente deslumbrante e tentadora, com os seios fartos colocados ali à mostra pelo decote cavado, pouco deixando para a imaginação. Minha prima saiu deixando-nos a sós, e ficamos conversando essas tontices que gente nessa idade habitualmente conversa.

Nem imagino quanto tempo ali ficamos, mas em determinado momento ela me puxou pela mão, convidando-me para que fôssemos em busca de mais Cuba Libre lá na copa da casa.

A sala estava sem ninguém, pois o tio dela havia colocado uma regra que todos estavam seguindo: não queria ninguém invadindo a casa, devendo todos permanecerem no quintal. Entramos e La Belle fechou a porta atrás de si.

Nem bem entramos na copa, ela se enlaçou com os dois braços em meu pescoço, colou seu corpo ao meu e começou a me beijar, a princípio de maneira comedida e depois vorazmente, arrastando-me para o lado da geladeira e tirando-nos assim da linha de visão dos demais da casa, se a porta fosse aberta.

Este momento serviu para me revelar a razão pela qual quando um rapaz saía com essa moça nunca mais queria sair novamente, embora ela estivesse disposta a dar tudo que um rapaz desejasse dela: além de falar horrivelmente mal, erradamente, ser incapaz de conversar qualquer coisa pois estava fora de tudo o que cercava meus interesses, criando nela um aspecto um tanto grotesco de burrice crônica, quando abria a boca era um desastre: o cheiro que saía dela era incrivelmente nauseabundo, de carniça, que me revirou o estômago saturado de rum.

Estávamos nós nesse interlúdio e eu tentando me desvencilhar dela que cada vez mais colava-se em meu corpo, quando o tio apareceu por ali novamente e, dando conosco assim colados e escondidos, partiu por sobre nós com uma fúria monumental, que me deixou completamente arrasado. Depois da bronca o cidadão me convidou, com ares de pouco amigo, a que me retirasse imediatamente da sua casa, ao que atendi prontamente pois realmente eu havia abusado da sua hospitalidade e estava em estado bem mais etílico do que uma resposta permitiria.

No dia seguinte minha prima queria saber sobre nosso encontro depois que nos deixou sozinhos, e quando me encontrei com a turma na praça, todos queriam saber como tinha sido a nossa transa...

Claro que não contei a verdade. Narrei com pormenores as coisas que gostariam de estar ouvindo, ante os olhares incrédulos dos que haviam estado com ela anteriormente, e fui depois para casa, ciente de que deixei mais alguns esperançosos de um encontro com ela...

No dia seguinte tratei de montar um esquema de despiste, mas na verdade não foi preciso usá-lo pois não a vi mais. O tio havia remetido a moça de volta para a casa dos pais em Limeira mas por um bom tempo ainda comentávamos sobre as transas que tivemos com ela, sob as expressões de inveja dos que nada haviam conseguido até então, acalentando neles a esperança de que, no ano seguinte, tivessem a sua vez...
WLADIR SANTOS
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Mensagem por LaBelle 24/11/2009, 9:24 am

Berê
Obrigadinha por esclarecer, logo no início, que essa La Belle das suas memórias é "outra" que não eu. Nem teria motivo para se pensar isso, pois ela deve ter nascido, a julgar pelas datas que citou e idade no ano do episódio, entre 1940 e 1943. Eu nasci em 1980, quando ela já devia ser adulta, quarentona, talvez aé casada e com filhos.
De qualquer forma, suas memórias são deliciosas de serem lidas, e permitem que o leitor vá a cavaleiro das suas imagens textualizadas, e co-participe das angústias, esperanças, desejos e frustrações, tão concretas elas se apresentam.
Rimos muito com esse seu grupo de adolescentes (e fico até imaginando o seu papel nele, como candidato a ser o "rapaz de vez", )para culminar na enorme frustração que escondeu dos demais, exatamente como lhe fizeram antes, um por um, envolvendo-o no desejo que devia estar à flor da pele.
O que mais nos deixou envolvidos foi o fato de ter sido assediado perto da geladeira (eis uma correlação interessante para o caso, ou seja, estaria longe do fogão...rs),e o fato de que havia uma espécie de consenso entre os rapazes segundo o qual mentir sobre os encontros com ela não recebiam, dos demais "vitimados" antes, qualquer reparo ou desmentido, e ninguém se prestava a dizer a verdade. Preferiam passar todos como vitoriosos, machos satisfeitos, adolescentes capazes de fazer uma moça, mesmo leviana como ela, tremer dos pés à cabeça.
Essa outra La Belle, pelo que li, foi realmente uma moça capaz de fazer jorrar testosterona nas veias dos meninões. Devia ser mesmo muito sensual, na sua imagem pouco apreciada em nossos dias.
Parabéns por mais essa Berê
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Mensagem por attossa 24/11/2009, 9:35 am

Saborosíssima Berê!
Adorei a narrativa das suas memórias, e até me compadeci com suas frustrações.
Interessante é-me ainda comparar o Berê de hoje, que conheço pessoalmente, com esse Berê antigo, com a efervescência da sexualidade à flor da pele, principalmente envolvido nessa "trama coletiva" de se passarem todos por bem sucedidos machos na iniciação do amor.
A linda La Belle aqui tratou de comentar logo que não era ela, mais pelo cheiro nauseabundo da boca e facilidades aos rapazes, que por outra coisa.
Ela chamou bem a atenção para o fato até sutil de que o assédio sobre você foi ao lado da geladeira e não perto do fogão, traduzindo nisso a imobilidade do frio perante o calor esperado...
Muito boa, Berê.
Abraços
attossa
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Mensagem por larsson 25/11/2009, 9:32 am

Berê.
Preciso encontrar o momento certo para entrar, logo depois das suas postagens. Tem um grupo de mulheraças aqui que possuem o dom de encontrar coisas que os mortais comuns, como eu, só encontram se nos forem dadas pistas.
É o caso do quase estupro seu ter ocorrido não ao lado do fogão a que estava se igualando, mas ao lado da geladeira.
Gostei de mais esta.
Um abraço
larsson
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Mensagem por Ruth 25/11/2009, 4:17 pm

Beredit
Afinal de contas, o que aconteceu com a LaBelle? Nunca mais ouviu falar nela?
Excelente o seu texto, mas deixou no ar uma coisa intrigante: ela sumiu, o clima foi desfeito, mas e a virgindade do mocinho?
hehehe (desculpe a brincadeirinha).
Beijinhos
PS Viu que aprendi a colocar o avatar? Só preciso aprender a postar fotos e vídeos ainda
Ruth
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